terça-feira, 7 de agosto de 2012

OSWALD DE ANDRADE


TEXTO SOBRE OSWALD DE ANDRADE
Oswald de Andrade (1890-1954), foi um escritor, poeta e dramaturgo brasileiro. Tornou-se um dos principais vultos do modernismo, que foi caracterizado por um amplo movimento artístico iniciado em 1922. Era um homem polêmico irônico e gozador, teve uma vida atribulada, vários amigos e inimigos, alguns casamentos, com destaque para dois: a pintora Tarsila do Amaral e a militante política Patrícia Galvão, a Pagu. Foi figura fundamental nos principais acontecimentos da vida cultural brasileira. Era militante político sendo idealizador dos principais manifestos modernistas. Ao lado da pintora Anita Malfatti, do escritor Mário de Andrade e de outros intelectuais, organizou a Semana de Arte Moderna de 1922.
José Oswald de Sousa Andrade nasceu em São Paulo no dia 11 de janeiro de 1890. Filho único de José Oswald Nogueira de Andrade e Inês Henriqueta Inglês de Sousa Andrade. Formou-se em Direito pela Faculdade do Largo São Francisco. De família rica, fez várias viagens à Europa, onde entra em contato com os movimentos de vanguarda. Estudou jornalismo literário e em 1911 iniciou sua vida literária no jornal humorístico "O Pirralho" que ele mesmo fundou. O semanário que circulou até 1917, contava entre seus colaboradores, com o pintor Di Cavalcanti.
Em 1912, quando retornou de sua primeira viagem à Europa, adota as idéias futuristas e, desde então, tornou-se um dos principais vultos do modernismo.
Em 1916 lança a primeira redação do romance "Memórias sentimentais de João Miramar", romance que quebra toda a estrutura dos romances tradicionais, pois apresenta capítulos curtíssimos e semi-independentes, num misto de prosa e poesia, que no final da leitura formam um grande painel.
Oswald de Andrade lança em 18 de março de 1924, um dos mais importantes manifestos do modernismo "Pau-Brasil", publicado no Correio da Manhã. Explicando o nome do manifesto , o autor diz "pensei em fazer uma poesia de exportação. Como o pau-brasil foi a primeira riqueza brasileira exportada, denominei o movimento "Pau-Brasil".
Em 1925 Oswald de Andrade lança o livro de poemas Pau-Brasil, em que põe em prática os princípios propostos no manifesto. O livro Pau-Brasil foi ilustrado por Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade apresenta uma literatura extremamente vinculada à realidade brasileira, a partir de uma redescoberta do Brasil.
Em 1926 casa-se com a pintora Tarsila do Amaral. Dois anos depois, radicalizando o movimento nativista, o seu "Manifesto Antropofágico" propõe que o Brasil devore a cultura estrangeira e crie uma cultura revolucionária própria. Nessa época, rompe com Mário de Andrade, separa-se de Tarsila do Amaral e casa-se com a escritora e militante política Patrícia Galvão, a Pagu. Em 1944, mais um casamento, com Maria Antonieta D'Aikmin, com quem permanece casado até o fim de sua vida. Morre em São Paulo, no dia 22 de outubro de 1954.
Principais Obras:
Poesia: Pau Brasil (1925).
Romances: Os condenados (1922); Memórias sentimentais de João Miramar (1924); Estrela de Absinto (1927); Serafim Ponte Grande (1933); Marco zero I - A revolução melancólica (1943); Marco zero II - Chão (1946).
Teatro: O homem e o cavalo (1934); A morta (1937); O rei da vela (1937).
REFERÊNCIAS
VÍDEOS

HEITOR VILLA-LOBOS


TEXTO SOBRE HEITOR VILLA-LOBOS
Heitor Villa-Lobos se tornou conhecido como um revolucionário que provocava um rompimento com a música acadêmica no Brasil. As viagens que fez pelo interior do país influenciaram suas composições. Entre elas, destacam-se: "Cair da Tarde", "Evocação", "Miudinho", "Remeiro do São Francisco", "Canção de Amor", "Melodia Sentimental", "Quadrilha", "Xangô", "Bachianas Brasileiras", "O Canto do Uirapuru", "Trenzinho Caipira".

Em 1903, Villa-Lobos terminou os estudos básicos no Mosteiro de São Bento. Costumava juntar-se aos grupos de choro, tocando violão em festas e em serenatas. Conheceu músicos famosos como Catulo da Paixão Cearense, Ernesto Nazareth, Anacleto de Medeiros e João Pernambuco.

No período de 1905 a 1912, Villa-Lobos realizou suas famosas viagens pelo norte e nordeste do país. Ficou impressionado com os instrumentos musicais, as cantigas de roda e os repentistas. Suas experiências resultaram, mais tarde, em "O Guia Prático", uma coletânea de canções folclóricas destinadas à educação musical nas escolas.

Em 1915, Villa-Lobos realizou o primeiro concerto com suas composições. Nessa época, já havia composto suas primeiras peças para violão "Suíte Popular Brasileira", peças para música de câmara, sinfonias e os bailados "Amazonas" e "Uirapuru". A crítica considerava seus concertos modernos demais. Mas à medida que se apresentava no Rio e São Paulo, ganhava notoriedade.

Em 1919, apresentou-se em Buenos Aires, com o Quarteto de Cordas no 2. Na semana da Arte Moderna de 1922, o aceitou participar dos três espetáculos no Teatro Municpal de São Paulo, apresentando, entre outras obras, "Danças Características Africanas" e "Impressões da Vida Mundana".

Em 30 de junho de 1923, Villa-Lobos viajou para Paris financiado pelos amigos e pelos irmãos Guinle. Com o apoio do pianista Arthur Rubinstein e da soprano Vera Janacópulus, Villa-Lobos foi apresentado ao meio artístico parisiense e suas apresentações fizeram sucesso.

Retornou ao Brasil em final de 1924. Em 1927, voltou à Paris com sua esposa Lucília Guimarães, para fazer novos concertos e iniciar negociações com o editor Max Eschig. Três anos depois, voltou ao Brasil para realizar um concerto em São Paulo. Acabou por apresentar seu plano de Educação Musical à Secretaria de Educação do Estado de São Paulo.

Em 1931, o maestro organizou uma concentração orfeônica chamada "Exortação Cívica", com 12 mil vozes. Após dois anos assumiu a direção da Superintendência de Educação Musical e Artística. A partir de então, a maioria de suas composições se voltou para a educação musical. Em 1932, o presidente Vargas tornou obrigatório o ensino de canto nas escolas e criou o Curso de Pedagogia de Música e Canto. Em 1933, foi organizada a Orquestra Villa-Lobos.

Villa-Lobos apresentou seu plano educacional, em 1936, em Praga e depois em Berlim, Paris e Barcelona. Escreveu à sua esposa Lucília pedindo a separação, e assumiu seu romance com Arminda Neves de Almeida, que se tornou sua companheira. De volta ao Brasil, regeu a ópera "Colombo" no Centenário de Carlos Gomes e compôs o "Ciclo Brasileiro" e o "Descobrimento do Brasil" para o filme do mesmo nome produzido por Humberto Mauro, a pedido de Getúlio Vargas.

Em 1942, quando o maestro Leopold Stokowski e a The American Youth Orchestra foram designados pelo presidente Roosevelt para visitar o Brasil O maestro Stokowski realizou concertos no Rio de Janeiro e solicitou a Villa-Lobos que selecionasse os melhores músicos e sambistas, a fim de gravar a Coleção Brazilian Native Music. Villa-Lobos reuniu Pixinguinha, Donga, João da Baiana, Cartola e outros, que sob sua batuta realizaram apresentações e gravaram a coletânea de discos, pela Columbia Records.

Em 1944/45, Villa-Lobos viajou aos Estados Unidos para reger as orquestras de Boston e de Nova York, onde foi homenageado. Em 1945 fundou a Academia Brasileira de Música. Dois anos antes de sua morte, o maestro compôs "Floresta do Amazonas"para a trilha de um filme da Metro Goldwyn Mayer. Realizou concertos em Roma, Lisboa, Paris, Israel, além de marcar importante presença no cenário musical latino-americano.

Praticamente residindo nos EUA entre 1957 e 1959, Villa-Lobos retornou ao Brasil para as comemorações do aniversário do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Com a saúde abalada, foi internado para tratamento e veio a falecer em novembro de 1959.

DI CAVALCANTI


TEXTO SOBRE DI CAVALCANTI

O pintor Emiliano Di Cavalcanti nasceu em 6 de setembro de 1897. Naquela época, o panorama das artes plásticas no Brasil era bastante desolador: a pouca informação, conjugada ao tradicionalismo conservador das elites vigentes deixavam o cenário da pintura a depender ainda de ecos das já ultrapassadas correntes artísticas europeias.

Nesse contexto, tornaram-se muito importantes as exposições de Lasar Segall, em 1913, e de Anita Malfatti, em 1917, esta duramente criticada. Esses dois episódios fazem parte da história de um movimento em direção às correntes modernistas europeias, que iria culminar na Semana de Arte Moderna de 1922. Di Cavalcanti já era um artista de talento bastante reconhecido nessa época, e sua atuação em 1922 foi essencial: o artista foi um dos idealizadores da Semana de Arte Moderna e uma referência importantíssima para todo o grupo modernista e, desde então, para a história das artes plásticas no Brasil. 


Di Cavalcanti era um intelectual muito bem informado sobre as vanguardas modernistas do seu tempo, interessado não só por artes plásticas, mas por outras áreas também. Por isso mesmo, em 1921, o artista fora convidado a ilustrar o livro “Balada do Cárcere de Reading”, de Oscar Wilde, um dos mais significativos escritores contemporâneos. Em 1923, Di Cavalcanti realiza viagem a Paris, frequentando o ambiente intelectual e boêmio da época e convivendo com Picasso e Braque, entre outros, numa relação de admiração mútua. Sua experiência do contato com o cubismo, expressionismo e outras correntes artísticas inovadoras, conjugadas à consciência da sua posição de artista brasileiro, concorreram para aumentar a sua convicção no propósito de ousar e destruir velhas barreiras, colocando a arte brasileira em compasso com o que acontecia no mundo. Di Cavalcanti sabia estar no caminho certo esteticamente e a viagem a Paris só reforçou as suas certezas. Entretanto, o ambiente do pintor não era o dos boulevares de Paris: Di Cavalcanti estava impregnado dos trópicos, de uma atmosfera sensual e quente.

À sua ousadia estética e perícia técnica, marcada pela definição dos volumes, pela riqueza das cores, pela luminosidade, vem somar-se a exploração de temas ligados ao seu cotidiano, que ele percebia com vitalidade e entusiasmo. A profunda inclinação aos prazeres da carne e a vida notívaga influenciaram sobremaneira sua obra: o Brasil das telas de Di Cavalcanti é carregado de lirismo, revelando símbolos de uma brasilidade personificada em mulatas que observam a vida passar, moças sensuais, foliões e pescadores. A sensualidade é imanente à obra do pintor e os prostíbulos são uma de suas marcas temáticas, assim como o carnaval e a festa, como se o cotidiano fosse um permanente deleitar-se. A originalidade de uma cultura constituída por um caldo de referências indígenas, europeias e africanas, de forma contraditória e única, transparece em suas telas através de uma luminosidade ímpar. 

Marcada pela evolução constante em direção a uma técnica cada vez mais acurada, a obra de Di Cavalcanti pode ser situada numa tradição interpretativa do Brasil. Hoje, o pintor é um dos mais populares artistas brasileiros, alcançando enorme prestígio também no exterior: suas obras são disputadíssimas nos leilões internacionais, imprescindíveis a todas as coleções latino-americanas. A pintura de Di Cavalcanti representa toda uma imagem do país no mundo afora, ressaltando a sua exuberância natural e humana: é indiscutivelmente figura chave da arte brasileira. Todo o seu entendimento tem passagem obrigatória por Di Cavalcanti.

Algumas obras






REFERÊNCIAS

VÍDEOS

TARSILA DO AMARAL


TEXTO SOBRE TARSILA DO AMARAL

Nascida em Capivari, SP, em 1886, a pintora Tarsila do Amaral é, indiscutivelmente, um ícone da arte brasileira nesse século. Podemos dizer que Tarsila do Amaral encontrou soluções extremamente pertinentes para o que talvez seja o maior dilema da arte brasileira contemporânea: a difícil combinação entre as novas informações e a tradição advindas da arte européia e o caldo cultural brasileiro, principalmente no que se refere à expressão popular. 

Tarsila do Amaral teve uma formação acadêmica muito sólida, em São Paulo e em Paris, o que não resultou para a artista em amarras estéticas ou imposições formais. Muito pelo contrário, a formação acadêmica só reforçou a singularidade da cultura popular brasileira para Tarsila. 

É essa cultura que seria reinterpretada e redescoberta à luz do modernismo brasileiro. Tarsila do Amaral é peça chave do movimento modernista, integrando o “grupo dos cinco”, formado por intelectuais e artistas fundadores do movimento, como Anita Malfatti, Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Menotti del Pichia. Nessa época começa o namoro com Oswald de Andrade, com quem se casaria em 1926. 




Tarsila do Amaral foi uma artista muito consciente da sua importância no movimento modernista e da inserção da sua obra no panorama brasileiro das artes plásticas. Tarsila integrava a vanguarda intelectual e artística da época, cultivando uma forte amizade com o intelectual franco-suíço Blaise Cendrars.

Em 1928, pintou o Abaporu, tela batizada por Oswald e pelo poeta Raul Bopp, e que inspiraria o movimento o movimento antropofágico, importante movimento cultural da década de 1930, vinculado ao modernismo e encabeçado por Oswald de Andrade. Em 1950, Sergio Milliet organizou retrospectiva da artista no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Tarsila participou também da I Bienal, em 1951. Em 1964, participou da Bienal de Veneza e em 1969 o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro inaugurou uma grande exposição de sua obra: 50 Anos de Pintura. Esse quadro de Tarsila bateu o recorde de preço de uma obra brasileira, estando situado hoje na Argentina. 


É considerada uma das mais importantes artistas brasileiras que, embora tenha tido uma curta carreira, criou obras de expressão inigualável para a arte moderna no Brasil.

CRONOLOGIA

1886 – Nasce em Capivari, São Paulo.
1917 – Estuda com Pedro Alexandrino e Elpons, em São Paulo.
1920 – Estuda na Academia Julian, em Paris.
1922 - Liga-se ao grupo modernista em São Paulo, integrando o “grupo dos cinco”, formado por intelectuais e artistas fundadores do movimento, como Anita Malfatti, Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Menotti del Pichia.
1923 – Viagem à Europa com Oswald de Andrade. Estuda com André Lhote e Albert Gleizes.
1924 – Início da fase Pau-Brasil.
1976 – Retrospectiva na Bienal de São Paulo.
1977 – Retrospectiva no MAM – RJ.
1983 – Retrospectiva Centro Cultural São Paulo.
1984 – Retrospectiva MAM-SP.
1984 – Exposição “Tradição e Ruptura, Síntese de Arte e Cultura Brasileira”, Fundação Bienal de SP.

Algumas obras

                                                                            Abaporu

                                                                           Antropofagia

                                                                       
                                                                         Ovo de Urutu

VÍDEOS

ANITA MALFATTI


TEXTO SOBRE ANITA MALFATTI


Anita Catarina Malfatti (São Paulo, 2 de dezembro de 1889 – São Paulo, 6 de novembro de 1964), pintora, desenhista, gravadora, ilustradora e professora. O início de sua instrução artistísca e cultural foi iniciada por sua mãe, a americana Betty Malfatti, professora de pintura e línguas. Por causa de uma atrofia no braço e na mão direita, Anita transformou-se em canhota, utilizando a mão esquerda para pintar.

Em São Paulo, estudou no Mackenzie; na Alemanha, estudou na Academia Real de Belas Artes de Berlim. Em Nova York, teve aulas de pintura, desenho e gravura com diversos artistas na Arts Students League of New York, na Independent School of Art e trabalhava fazendo ilustrações para as revistas Vanity Fair e Vogue.

Passou a ser conhecida após uma de suas exposições (organizada por Di Cavalcanti), quando o escritor Monteiro Lobato fez uma crítica destrutiva da artista que quase acabou com sua fabulosa carreira. Após essa época, alterou sua temática, produzindo, naturezas-mortas, retratos, paisagens e cenas populares. 

No fim da década de 10, em São Paulo, estudou pintura no ateliê do artista plástico Pedro Alexandrino, onde conheceu Tarsila do Amaral. Lecionou desenho na Escola Americana, na Universidade Mackenzie, na Associação Cívica Feminina e em seu próprio ateliê (este frequentado por inúmeros artistas).

Ganhou pelo Pensionato Artístico do Estado de São Paulo uma bolsa de estudos em Paris.

Fundou com Tarsila do Amaral, Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Menotti Del Pichia o Grupo dos Cinco, em 1922, e participou da Semana de Arte Moderna. Anos mais tarde, integrou na Sociedade Pró-Arte Moderna (SPAM), na Família Artística Paulista (FAP) e participou do Salão Revolucionário.

Em 1942, foi presidente do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo. Sua primeira retrospectiva aconteceu no Museu de Arte de São Paulo, em 1949. Expôs também no 1º Salão Paulista de Arte Moderna e na 1ª Bienal Internacional de São Paulo.


Após a morte de sua mãe, Anita se afastou do meio artístico por algum tempo, no entanto, quando regressou oficialmente em uma exposição individual de 1955, a artista apresentou suas obras produzidas nesse período de reclusão. Seu novo tema, era exclusivamente a arte popular brasileira, opção esta, considerada por ela e por diversos profissionais sua melhor e mais pura fase.

Principais obras



                                                           A boba      


                                                                     A Estudante Russa

                                                   O homem amarelo                                                         



REFERÊNCIAS

VÍDEOS

MODERNISMO NO BRASIL


TEXTO SOBRE MODERNISMO NO BRASIL


A Semana de Arte Moderna (1922) é considerada o marco inicial do Modernismo brasileiro.

A Semana ocorreu entre 13 e 18 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo, com participação de artistas de São Paulo e do Rio de Janeiro. O evento contou com apresentação de conferências, leitura de poemas, dança e música. O Grupo dos Cinco, integrado pelas pintoras Tarsila do Amaral e Anita Malfatti e pelos escritores Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Menotti Del Picchia, liderou o movimento que contou com a participação de dezenas de intelectuais e artistas, como Manuel Bandeira, Di Cavalcanti, Graça Aranha, Guilherme de Almeida, entre muitos outros.

Os modernistas ridicularizavam o parnasianismo, movimento artístico em voga na época que cultivava uma poesia formal. Propunham uma renovação radical na linguagem e nos formatos, marcando a ruptura definitiva com a arte tradicional. Cansados da mesmice na arte brasileira e empolgados com inovações que conheceram em suas viagens à Europa, os artistas romperam as regras preestabelecidas na cultura.

Na Semana de Arte Moderna foram apresentados quadros, obras literárias e recitais inspirados em técnicas da vanguarda europeia, como o dadaísmo, o futurismo, o expressionismo e o surrealismo, misturados a temas brasileiros.
Os participantes da Semana de 1922 causaram enorme polêmica na época. Sua influência sobre as artes atravessou todo o século XX e pode ser entendida até hoje.

A primeira fase do Modernismo


O movimento modernista no Brasil contou com duas fases: a primeira foi de 1922 a 1930 e a segunda de 1930 a 1945. a primeira fase caracterizou-se pelas tentativas de solidificação do movimento renovador e pela divulgação de obras e ideias modernistas.

Os escritores de maior destaque dessa fase defendiam estas propostas: reconstrução da cultura brasileira sobre bases nacionais; promoção de uma revisão crítica de nosso passado histórico e de nossas tradições culturais; eliminação definitiva do nosso complexo de colonizados, apegados a valores estrangeiros. Portanto, todas elas estão relacionadas com a visão nacionalista, porém crítica, da realidade brasileira.

Várias obras, grupos, movimentos, revistas e manifestos ganharam o cenário intelectual brasileiro, numa investigação profunda e por vezes radical de novos conteúdos e de novas formas de expressão.
Entre os fatos mais importantes, destacam-se a publicação da revista Klaxon, lançada para dar continuidade ao processo de divulgação das ideias modernistas, e o lançamento de quatro movimentos culturais: o Pau-Brasil, o Verde-Amarelismo, a Antropofagia e a Anta.

Esses movimentos representavam duas tendências ideológicas distintas, duas formas diferentes de expressar o nacionalismo.

O movimento Pau-Brasil defendia a criação de uma poesia primitivista, construída com base na revisão crítica de nosso passado histórico e cultural e na aceitação e valorização das riquezas e contrastes da realidade e da cultura brasileiras.


A Antropofagia, a exemplo dos rituais antropofágicos dos índios brasileiros, nos quais eles devoram seus inimigos para lhes extrair força, Oswald propõe a devoração simbólica da cultura do colonizador europeu, sem com isso perder nossa identidade cultural.

Em oposição a essas tendências, os movimentos Verde-Amarelismo e Anta, defendiam um nacionalismo ufanista, com evidente inclinação para o nazifascismo.
Dentre os muitos escritores que fizeram parte da primeira geração do Modernismo destacamos Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Alcântara Machado, Menotti del Picchia, Raul Bopp, Ronald de Carvalho e Guilherme de Almeida.

Artistas da Arte Moderna


 
Semana de Arte Moderna – Um dos principais eventos da história da arte no Brasil
Falar sobre os artistas da Arte Moderna significa falar sobre o maior evento que marcou a história da arte brasileira. Tal evento, conhecido como a Semana de Arte Moderna, ocorreu no Teatro Municipal de São Paulo, entre os dias 13 e 18 de fevereiro de 1922.
Partindo dessa data (1922), começamos a compreender os reais propósitos firmados mediante o histórico acontecimento. Afinal, por que 1922? Essa é a data em que o Brasil comemorou seu primeiro centenário da Independência, embora essa independência em nada tenha transformado os planos político, econômico ou cultural. Dessa forma, desde o período que antecedeu a Semana de 1922, conhecido como Pré-Modernismo, houve uma reação por parte da classe artística em revelar um Brasil visto sob o plano real, longe do idealismo pregado pela era romântica. Um Brasil dos marginalizados, indo desde o sertão nordestino até os subúrbios cariocas. Não por acaso, Euclides da Cunha, Monteiro Lobato, entre outros, souberam expressar sua insatisfação mediante as mazelas que corrompiam a sociedade daquela época – de um lado o progresso industrial oriundo da expansão do capitalismo, de outro a massa dos excluídos, formada pela classe operária que, cada vez mais organizada, realizava intensas greves. 
Nesse clima de euforia, imbuídos no propósito de operar mudanças, sobretudo influenciados pelos movimentos vanguardistas, é que os artistas expressaram seus posicionamentos ideológicos por meio de suas criações, seja na pintura, música, escultura, literatura, entre outras formas de arte. Nesse sentido, vejamos os dados biográficos inerentes a alguns deles, a começar por:
Di Cavalcanti
Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo, filho de Frederico Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Rosalia de Sena,
nasceu em 1897, no Rio de Janeiro, e faleceu em 1976 naquela mesma cidade. Seu talento artístico começara em 1908, em São Cristóvão, bairro de classe média para o qual a família se mudara.
Anos mais tarde, em 1914, iniciou sua carreira de caricaturista. Em 1916, matriculou-se na escola Livre de Direito, mudando-se para São Paulo e levando consigo uma carta de Olavo Bilac para o jornalista Nestor Rangel Pestana, crítico de arte do Estadão. Com isso, empregou-se como arquivista no jornal O Estado de São Paulo.
Di Cavalcanti foi um dos idealizadores da Semana de Arte Moderna, participando da criação dos catálogos e dos programas, além de ter exposto doze pinturas. Entre sua vasta obra, podemos citar:
Viagem da Minha Vida – O Testamento da Alvorada (1955) e Reminiscências Líricas de um Perfeito Carioca (1964).
Ilustrou numerosos livros, entre os quais: Carnaval, de Manuel Bandeira, 1919; Losango Cáqui, de Mario de Andrade, 1926; A Noite na Taverna e Macário, de Alvares de Azevedo, 1941; etc.
Executou murais em Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo e editou álbuns de gravuras, tais como Lapa, xilogravuras, 1956; Cinco Serigrafias, 1969 e Sete Flores, com texto de Carlos Drummond de Andrade, 1969.
Ismael Nery
Ismael Nery nasceu em Belém do Pará em 1900 e faleceu em 1934 na cidade do Rio de Janeiro. Esse artista não defendia a ideia de nacionalidade como os artistas de sua época; ao contrário, estendia sua expressão artística em seu sentido mais amplo, entrelaçando todas as correntes de pensamento. Sua carreira como pintor não lhe rendeu o merecido reconhecimento por parte do público, uma vez que não chegou a vender mais que uma centena de quadros, expostos somente em dois eventos. Ao contrário de sua produção enquanto desenhista, que, segundo a opinião de especialistas, era melhor que sua pintura.  
Costuma-se dividir a obra desse nobre artista em três vertentes: a expressionista, indo de 1922 a 1923; a cubista, de 1924 a 1927, sob forte influência de Pablo Picasso; e a Surrealista, demarcada de 1927 a 1934, sua fase mais importante e promissora.
Lasar Segal
Lasar Segal nasceu em 21 de julho de 1891, na cidade de Vilna, capital da Lituânia. Faleceu em 2 de agosto de 1957 na cidade de São Paulo, deixando um vasto acervo que enfatiza não somente a beleza, mas sobretudo a miséria que presenciara durante toda sua jornada. Para Segal a pintura estática não lhe satisfazia, haja vista que nela era preciso fazer algumas distorções de modo a retratar a realidade – propósito esse que o levou a aproximar-se do Expressionismo. Depois de rápida estada na Holanda, partiu para o Brasil, onde organizou duas exposições: uma em São Paulo e outra em Campinas.
Mais que um pintor, considerado também como um verdadeiro sociólogo, Lasar Segal tinha obsessão pelo ser humano e, por meio dos pincéis, retratou os problemas brasileiros, revelados por cenas familiares, dando ênfase ao interior pobre das casas, bem como aos rostos sofridos de seus habitantes. Cenas essas que retratavam o conformismo de uma sociedade considerada imutável.
Assim sendo, utilizava em suas obras não somente óleo sobre tela, mas também processos de gravura que aprendera na Rússia, tais como a litogravura e a zincografia, os quais conferiam à sua arte um caráter puramente versátil.
Atingido por um ataque fulminante, veio a falecer. Contudo, sua vasta obra permaneceu viva, por meio de um acervo com 2500 obras, local onde funciona uma Biblioteca organizada por sua mulher – escritora e tradutora.
Milton Dacosta
Milton Dacosta nasceu em 1915, em Niterói, no estado do Rio de Janeiro, e faleceu em 1988, na cidade do Rio de Janeiro. Aos 14 anos conheceu Augusto Hantz, um professor alemão com quem teve as primeiras aulas de desenho, matriculando-se no ano seguinte na Escola de Belas Artes, frequentando o curso livre ministrado por Augusto José Marques Júnior.  
Em 1936, após realizar uma mostra individual, Dacosta se sentiu motivado a se inscrever no Salão Nacional de Belas Artes. Ao expor seus trabalhos, recebeu menção honrosa, ganhando medalha de bronze e prata. Em 1944 recebeu o cobiçado prêmio de uma viagem ao exterior, viajando em 1945 para os Estados Unidos ao lado da pintora Djanira, e de lá seguiu para Paris, onde permaneceu por dois anos.     
A pintura desse artista, evoluída aos poucos, atingiu grandes patamares. Primeiramente se identificou com o Impressionismo, indo sequencialmente para o Expressionismo, Cubismo, Concretismo, e voltando para o Cubismo novamente, por opção definitiva. Casou-se em 1949 com a também pintora Maria Leontina, cuja união perdurou por 37 anos. Juntos participaram de Bienais, viajaram para o exterior para cursos de aperfeiçoamento, e juntos cresceram na missão de tornar o mundo ainda mais belo por meio de seus trabalhos.
Tarsila do Amaral
Tarsila do Amaral nasceu em Capivari, no estado de São Paulo, em 1886 e faleceu em 1973, na cidade de São Paulo. Em 1916 começou sua vida artística por acaso, quando aprendeu modelagem com Zadig e Mantovani. No ano seguinte, motivada por grande interesse pela pintura, Tarsila começou a ter aulas com Pedro Alexandrino e, em 1920, viajou para Paris, onde se matriculou na Academia Julian. Retornou a São Paulo em 1922, sob um clima de mudança artística e cultural. Mediante seu reencontro com Anita, resolveram se juntar a Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Menotti del Picchia e fundar o chamado grupo dos cinco, procurando manter viva a intenção proposta pela Semana de 22.  
No final da década de 1920, Tarsila criou os movimentos Pau-brasil e Antropofágico, ambos defendendo a ideia de que o artista deveria sim conhecer bem a arte europeia, contudo deveria criar uma estética genuinamente brasileira. 
Ainda em 1923 retornou à Europa, onde manteve contato com diferentes artistas ligados ao movimento modernista europeu. No ano de 1926, casou-se com Oswald de Andrade, vindo a se separar em 1930. Entre 1920 e 1930 pintou suas obras de maior valor cultural, as quais lhe conceberam grande reconhecimento no mundo das artes: Abaporu (1928) e Operários (1933). Entre os elementos que refletiram em sua temática artística podemos citar o uso de cores vivas, a abordagem de temas sociais e cotidianos e paisagens brasileiras, o uso de formas geométricas (influência cubista) e uso de uma estética considerada fora do padrão (influência surrealista na fase antropofágica).
Veio a falecer em 1973, em São Paulo, deixando uma vastíssima obra que lhe concedeu o título de uma das maiores figuras artísticas brasileiras de todos os tempos.
Anita Malfatti
Anita Catarina Malfatti nasceu em 2 de dezembro de 1889, em São Paulo. Filha de Samuel Malfatti e de Elisabete, era pintora, desenhista e falava vários idiomas, o que lhe rendia uma habilidade cultural vasta. 
Chegando a Berlim, em setembro de 1910, começou a tomar aulas particulares no ateliê de Fritz Burger, matriculando-se um ano depois na Academia Real de Belas-Artes. Em 1916 retornou ao Brasil, já com 27 anos, disposta a expressar toda sua arte, especialmente voltada para o Expressionismo. 
Assim, por meio de influências de seus amigos modernistas, em especial por Di Cavalcanti, Anita decidiu locar uma das dependências do Mappin Stores e realizar uma única apresentação de seus trabalhos, em 12 de dezembro de 1917. 
O que não sabia era que o destino, de forma irônica, lhe reservara um grande infortúnio. Monteiro Lobato, por meio de seu artigo Paranoia ou mistificação, criticou a duras penas o trabalho da artista. Tal intento não era destinado a ela em especial, mas aos modernistas propriamente ditos. O fato lhe abalou profundamente e a fez carregar pelo resto de sua vida um sentimento de total descontentamento frente às coisas que a rodeavam. Seu primeiro instinto foi o de abandonar de vez a arte, contudo passou a tomar aulas com o mestre Pedro Alexandrino, fato que lhes concedeu uma proveitosa e duradoura amizade.
Motivada por amigos, resolveu participar da Semana de Arte Moderna de 1922 e, no ano seguinte, viajou para Paris, munida de uma bolsa de estudos, onde encontrou Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade, Vitor Brecheret e Di Cavalcanti. Retornou depois de algum tempo ao solo brasileiro, já com a confiança recuperada, no entanto não estava mais disposta em se aventurar em novas “investidas culturais”.  
Anita veio a falecer em 6 de novembro de 1964 em Diadema, estado de São Paulo, local em que morava com sua irmã Georgina, em uma chácara.  

REFERÊNCIAS

VÍDEOS

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

ARTE ETRUSCA



TEXTO SOBRE ARTE ETRUSCA
Introdução

O território designado por Etrúria, onde se fixou o povo etrusco, corresponde ao atual centro de Itália. A arte etruscadesenvolveu-se a partir do século VII a. C., desaparecendo no século III a. C., aquando da integração do seu povo nanação romana, então em expansão. Dominada pelas conceções da vida pós morte e pela necessidade de criar estruturasarquitetónicas de carácter eterno que pudessem preservar os corpos para a imortalidade, grande parte dasmanifestações artísticas etruscas, ainda que dotadas de grande originalidade, denunciam uma forte influência da cultaarte grega. Avesa às criações de grande dimensão ou 
de carácter monumental, a civilização etrusca desenvolveubastante as artes 
menores, o trabalho em argila, o bronze e a ourivesaria.

Arquitetura

Tumba etrusca

As construções etruscas eram geralmente realizadas em madeira e em tijolo, ficando a pedra limitada às fundações eaos plintos sobre os quais se erguiam os templos. 
Para além do sistema trilítico, os etruscos empregavam processosconstrutivos mais complexos, como o arco, a abóbada ou pseudo-abóbada e a pseudo-cúpula. Com carácter altamenteprecário e efémero, grande parte dos edifícios
construídos por este povo desapareceram. Excetua-se todo o conjuntode arquiteturas funerárias, cuja necessidade de durabilidade determinou o uso da pedra para a sua construção. Sendo amaior parte dos túmulos escavados na rocha (formando uma espécie de arquitetura em negativo), os elementosconstruídos resumiam-se geralmente às fachadas, portas ou corredores de acesso. Abandonando a solução circular, emforma de tholos, característica da Grécia e do mundo mediterrânico, os etruscos adotaram para o interior dos túmulossoluções que recriam a forma da habitação: uma sala central em torno da qual se dispunham simetricamente as celas.
O templo etrusco, que se tornou canónico, era construído em madeira e tijolo, sobre uma base de pedra. De plantaquase quadrada apresenta um alpendre com colunas que antecede a cela (um espaço fechado que podia ser único oudividido em três salas) e uma cobertura de duas águas, salientes em relação à planta.

Artes plásticas


Casal estrusco

Grande parte da escultura etrusca tem carácter religioso ou funerário. Os sarcófagos que continham os mortos,geralmente realizados em terracota, constituem as mais interessantes peças escultóricas deste período artístico. Eramformados por uma caixa elevada sobre a qual se representavam os defuntos, reclinados e apoiados num braço, como seobserva no "Sarcófago dos Esposos", realizado aproximadamente em 520 a. C. e descoberto num túmulo da necrópole deCerveteri.A restante escultura era normalmente realizada em argila, por modelação, num efeito rápido, espontâneo eexpressivo, como se observa no "Apolo de Veios", em terracota pintada, proveniente do templo de Portonaccio. Estepovo desenvolveu igualmente esculturas em bronze, como a célebre Quimera de c. 380 a. C., descoberta em Arezzo.
Tal como sucedeu ao nível da escultura, a pintura etrusca mais significativa encontra

Va-se reunida nos túmulos eprocurava reconstituir os ambientes onde os defuntos tinham habitado em vida. Desta forma, às imagens figurativas(representando cenas do quotidiano, ou temas naturais) associavam-se elementos arquitetónicos, como cornijas, frisose pilastras que estruturavam a narrativa. As figuras eram invariavelmente definidas com uma linha de contorno negra epreenchidas por cor.

REFERÊNCIAS

VÍDEOS

ARTE PERSA



TEXTO SOBRE ARTE PERSA

Os Persas eram um povo seminómada quando, aproximadamente em 550 a. C., o rei Ciro, conquistou a Babilónia, dandoinício a um dos maiores impérios da antiguidade. O império Persa, herdeiro do antigo reino Assírio, no seu apogeu(durante os reinados de Dario I e de Xerxes) estendia-se desde o território que hoje corresponde ao Irão até ao Egito eà Ásia Menor, fazendo fronteira com a Grécia.Ciro, que adotou o nome de Rei da Babilónia, foi o fundador da dinastiaAqueménida. Esta dinastia terminou aquando da conquista da Pérsia por Alexandre o Grande em 331 a. C. Sucederam-se então as dinastias Selâucida e Partiana, que se prolongaram até 225 a. C., altura em que Shapur I, fundador da dinastiaSassânida, restaurou a grandeza do império, lutando contra os romanos. Teve então início o segundo grande período dacivilização persa que se prolongaria até à conquista do império pelos árabes em 641 d. C.Os reis persas erammonoteístas (os seus rituais religiosos eram realizados em altares de fogo, ao ar livre) e manifestavam publicamente oseu poder com a construção de grandes palácios e de túmulos. Ao nível artístico, a cultura persa revelou influênciasmuito diversas, constituindo-se como uma síntese das manifestações estéticas dos povos conquistados. Com especialdesenvolvimento no campo da arquitetura monumental, a arte persa conheceu também notável qualidade expressiva eestética ao nível da produção de objetos utilitários e ornamentais. 


 
Arquitetura

Conhecendo grande desenvolvimento com a dinastia Aqueménida, a arquitetura persa teve especial expressão emedifícios civis de carácter monumental e em túmulos. Uma vez que o culto se realizava ao ar livre, não foramdesenvolvidos edifícios de carácter religioso.O mais antigo testemunho de arquitetura persa são as ruínas dePasargadae, que foi a capital do império sob o reinado de Ciro, o Grande. O núcleo monumental da cidade incluía doispalácios, uma cidadela fortificada, um recinto sagrado e o famoso túmulo de Ciro. Este túmulo, contrariamente àssoluções posteriormente desenvolvidas, era uma construção isolada, executada com blocos de pedra, formada por umacâmara cúbica colocada sobre um alto envasamento em degraus. 



Palácio do Rei Dario I, o Grande 

Apesar da importância arqueológica e artística do conjunto de Pasargadae, a mais marcante e famosa estruturaarquitetónica persa é o palácio real construído por Dário I, Xerxes e Artaxerxes I na nova capital de Persépolis, iniciadapor Dário I em 518 a. C. Erguido, de acordo com a tradição assíria, sobre uma vasta plataforma com acesso por rampase escadarias, este palácio era formado por grandes salas cujas coberturas eram suportadas por imensas colunas(reminiscência das salas hipóstilas dos templos egípcios) e por inúmeras câmaras e salas menores. Todo esteconjunto de espaços organizava-se em torno de pátios com vegetação. As fachadas do edifício, construídas em tijolo,eram ritmadas por janelas e portas com molduras em pedra ornamentada. De entre os principais espaços deste complexodestaca-se a denominada "Sala das Cem Colunas", erguida na zona mais elevada do palácio. Esta sala, de plantaquadrada, era formada por esguias colunas de dezoito metros de altura e podia receber cerca de dez mil pessoas.
Os túmulos deste período, de que se podem destacar os de Naqsah Rostam, próximo de Persépolis, eram geralmenteescavados na rocha.

Após a conquista do império por Alexandre Magno, e nomeadamente durante a dinastia Selêucida, os edifícios persasdenunciam uma evidente filiação grega, patente, por exemplo, no templo de Kangavar. Com a dinastia Sassânidaassiste-se ao renascimento da arquitetura de carácter monumental, que assume características bastante diferentes dassoluções típicas do período Aqueménida. Fortemente influenciados pela tradição construtiva romana, surgem agoraedifícios que ostentam coberturas em abóbada ou cúpula (geralmente realizadas em tijolo) que encerram grandes salasde audiência. Os edifícios palacianos tornam-se mais compactos, reduzindo-se muitas vezes a um único volume. Deentre os edifícios que sobreviveram até hoje, como os de Firuzabad, Girra e Sarvestan, destaca-se o palácio real deShpur em Ctesifonte, erguido entre 272 e 242 a. C., famoso pela enorme sala de audiências com abóbada em tijolo epela alta fachada decorada por arcadas cegas, com grande efeito decorativo. 

Artes plásticas

A escultura persa era geralmente realizada com o objetivo de integrar estruturas arquitetónicas, assumindoconsequentemente características e escalas monumentais. Os relevos comemorativos, executados em paredes lisas derochedos, durante a dinastia Aqueménida, constituem os mais antigos testemunhos de escultura de grande dimensão.Estes relevos, influenciados pelos modelos Assírios revelam maior naturalidade na representação a uma acentuadarigidez compositiva. 

 Persépolis – arquitetura imponente, trabalhada em prata e ouro. Esculturas em relevo simbolizam oferendas ao rei.

 É no palácio de Persépolis, construído nos reinados de Dário I, Xerxes e Artaxerxes I, que se encontram alguns dos maisinteressantes exemplos de escultura persa. Daqui salientam-se os capitéis das colunas (formados por dois frontais detouros simétricos sobre um suporte de carácter vegetalista) e os relevos parietais, como os da dupla escadaria principaldo palácio. Era ainda frequente a utilização de escultura em relevo para decoração das paredes de túmulos escavadosna rocha, como o de Xerxes em Naqsh-i-Rustam (c.465 a. C.).
Para além do relevo sobre pedra, os persas empregaram o tijolo vidrado, de raiz babilónica, formando relevos coloridos,de que é exemplar o friso de archeiros de tamanho natural do palácio real de Susa. 

Após a invasão de Alexandre Magno, acentuou-se a influência da arte grega e helenística, visível em inúmerasesculturas em bronze. Após a reconstrução do império pela dinastia Sassânida, recuperou-se o relevo comemorativo degrande dimensão, realizado sobre rochedos. De entre estes destaca-se o relevo de Naqshah Rostam, comemorando avitória de Shapur I sobre os romanos. Para além da escultura de carácter monumental, os persas desenvolveram formasartísticas de pequena dimensão, tais como peças de joalharia, objetos utilitários ou armas ornamentadas. Produziraminúmeros objetos em ouro ou prata, decorados com elementos abstratos ou figurativos, geralmente copiando e alterandoa escala das formas utilizadas na escultura. 

Durante a dinastia dos Sassânidas, as produções de sedas e de tapeçarias conheceram amplo incremento. As soluçõesformais, ao nível das cores e dos padrões, tiveram uma influência muito forte na cultura islâmica, desde o século VII.

REFERÊNCIA


VÍDEOS